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15 Agosto 2016 festa da Assunção de Maria |
Pensou-se, na época moderna, que a luz da fé seria suficiente para as sociedades antigas, mas que não servia para os tempos novos, para o homem adulto, orgulhoso da sua razão, ávido de explorar o futuro de uma nova forma. Neste sentido, a fé apresentava-se como uma luz ilusória, que impedia o homem de cultivar a audácia do saber
Assim, a fé foi vista como um salto que é dado no vazio, por falta de luz, movidos por um sentimento cego ; ou como uma luz subjectiva, capaz quiçá de aquecer o coração, de ser um consolo privado, mas que não pode propor-se aos outros como luz objectiva e comum para alumiar o caminho » (Papa Francisco, encíclica Lumen fidei, 29 de Junho de 2013, 2-3).
Entretanto, recentes milagres eucarísticos, submetidos às análises da técnica moderna, aportam luz que confirma dados da fé e recordam à ciência as suas limitações explicativas sobre toda a realidade. Esses milagres trazem uma prova da presença real objectiva do Corpo e do Sangue do Senhor no Santíssimo Sacramento.
Uma substância sangrenta
Em 18 de Agosto de 1996, o padre Alejandro Pezet celebra Missa na igreja do centro comercial da cidade de Buenos Aires, na Argentina. Quando acaba de dar a sagrada Comunhão, uma mulher diz-lhe que viu uma hóstia de que alguém se quis desembaraçar ao fundo da igreja. Dirigindo-se ao sítio indicado, o sacerdote vê que a hóstia está manchada; coloca-a num pequeno recipiente com água e deposita-a no sacrário da capela do Santíssimo Sacramento. Na segunda-feira, 26 de Agosto, ao abrir o sacrário, comprova, estupefacto, que a hóstia se transformou numa substância sangrenta. Informa, do que aconteceu, Monsenhor Jorge Bergoglio, bispo auxiliar do cardeal Quarracino e futuro Papa, que dá instruções para que a hóstia assim transformada seja fotografada por um profissional. As fotografias, tiradas em 6 de Setembro, mostram, de uma forma clara a hóstia convertida num fragmento de carne sangrenta, aumentou muito de tamanho. Durante três anos, permaneceu conservada no sacrário, mantendo-se em segredo o sucedido ; mas, constatando que a hóstia não sofre nenhuma decomposição visível, Monsenhor Bergoglio decide que seja analisada cientificamente.
A partir de Outubro de 1999, realizam-se análises de umas amostras da hóstia, que conduzem à declaração realizada em 2005 pelo doutor Frederick Zugibe, especialista em cardiologia e patologista em medicina-legal : « O material analisado é um fragmento do músculo do coração que se encontra na parede do ventrículo esquerdo, junto das válvulas. Este músculo é responsável pela contracção do coração. O ventrículo esquerdo do coração age como uma bomba que envia o sangue para todo o corpo. O músculo cardíaco está em estado de inflamação e contém um grande número de glóbulos brancos. Isto indica que o coração estava vivo no momento em que se colheu a amostra. O meu argumento é que o coração estava vivo, pois que os glóbulos brancos do sangue morrem fora de um organismo vivo ; requerem um organismo vivo para se manterem. Portanto, a sua presença indica que o coração estava vivo quando se colheu a amostra. Além disso, esses glóbulos brancos tinham penetrado o tecido, o que indica que o coração tenha estado sob grande estresse, como se o seu detentor tivesse sido violentamente espancado no peito ».
Dois australianos, o jornalista Mike Willesee e o jurista Ron Tesoriero, foram testemunhas dessas análises. Após a conclusão do médico, informa-se o doutor Zugibe que a substância donde procedia a amostra datava de 1996. Este pergunta : « Devem explicar-me uma coisa : se essa amostra procede de uma pessoa morta, como é possível que, enquanto eu examinava, as células da amostra estivessem em movimento e animadas por pulsações ? Se esse coração procede de alguém que morreu en 1996, como pode continuar vivo ? ». Somente então, Mike Willesee explica ao doutor Zugibe que a amostra analisada procede de uma hóstia consagrada que se transformou misteriosamente em carne humana sangrenta. Estupefacto perante essa informação, o médico responde : « Como e porquê uma hóstia consagrada pode mudar o seu carácter e converter-se em carne e sangue humanos vivos ? É algo que permanecerá como um mistério inexplicável para a ciência, um mistério que vai para além do seu âmbito ».
Dificuldades em acreditar
Aquele milagre continua, hoje em dia, a ser visível para nós, já que a hóstia convertida em carne e o vinho convertido em sangue permaneceram, durante mais de doze séculos, perfeitamente intactos. Em 1970, o arcebispo de Lanciano e o ministro provincial dos Conventuais de Abruzos, com autorização de Roma, pediram ao professor Eduardo Linoli, director do hospital de Arezzo, que realizasse um profundo exame científico às relíquias do prodígio que sucedeu há mais de doze séculos. Em 4 de Março de 1971, o professor apresentou as conclusões : 1) A carne milagrosa é carne pertencente ao tecido muscular estriado do miocárdio (coração). 2) O sangue miraculoso é verdadeiro sangue, o que fica provado indiscutivelmente pela análise cromatográfica. 3) A carne e o sangue são de natureza humana, e a prova imunológica afirma que pertencem ao grupo sanguíneo AB, que é o mesmo do homem do Santo Sudário (de Turim), e característica dos povos do Oriente Médio. 4) As proteínas contidas no sangue dividem-se numa percentagem idêntica ao do esquema seroproteico do sangue fresco normal. 5) Nenhuma secção histológica revelou a presença de vestígios de infiltrações de sais ou substâncias utilizadas noutra época com propósitos de mumificação.
Devemos ainda referir que, uma vez liquefeito, o sangue eucarístico de Lanciano (que habitualmente está seco) conserva todas as propriedades químicas e físicas sem em nada se deteriorar. Ora bem, normalmente, quinze minutos após a extracção de sangue humano ordinário, todas as actividades biológicas perecem irremediavelmente.
O relato médico, publicado nos Cahiers Sclavo (fasc. 3, 1971), suscitou um grande interesse no meio científico. Em 1973, o Conselho Superior da Organização Mundial da Saúde nomeou uma comissão científica para verificar as conclusões do professor Linoli. Os trabalhos duraram 15 meses, tendo-se realizado 500 exames. A comissão declarou que se tratava de um tecido vivo que respondia a todas as reacções clínicas dos seres vivos. Desde o século VIII, a carne e o sangue de Lanciano permanecem como se tivessem sido extraídos nesse mesmo dia de um ser vivo. A síntese dos trabalhos da comissão, publicada em Dezembro de 1976, em Nova Iorque e em Genebra, reconhece que a ciência, consciente dos seus limites, enfrenta a impossibilidade de fornecer uma explicação.
Outros especialistas procederam à comparação dos relatórios de laboratório estabelecidos após o milagre de Buenos Aires com os elaborados para o milagre de Lanciano. Esses cientistas, que desconheciam a origem das amostras, concluíram que os dois relatórios dos laboratórios correspondiam a amostras de material procedente, segundo parece, da mesma pessoa.
À procura de uma grande luz
Na encíclica Lumen fidei, o Papa Francisco escreve : « Pouco a pouco, constatou-se que a luz da razão autónoma não consegue elucidar suficientemente o futuro ; permanece, no fim de contas, na sua obscuridade, e deixa o homem com medo do desconhecido. Deste modo, o homem renunciou à procura de uma grande luz, de uma grande verdade, para se contentar com pequenas luzes que alumiam o instante fugaz, mas que são incapazes de mostrar o caminho. Quando falta a luz, tudo se torna confuso, é impossível distinguir o bem do mal, o caminho que conduz ao destino do que nos faz andar às voltas, sem direcção fixa » (LF, 3). Para evitarmos esse mal, necessitamos de ter fé : « Portanto afirma ainda o Papa , é urgente recuperar o carácter luminoso próprio da fé, pois quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam por perder o brilho. Na verdade, a luz da fé possui uma especificidade única, sendo capaz de guiar toda a existência humana. Para que uma luz seja tão potente, não pode ter origem em nós mesmos ; tem de vir de uma fonte mais originária, tem de vir, em última análise, de Deus. A fé nasce do encontro com Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor, um amor que nos precede e no qual nos podemos apoiar para estarmos seguros e construir a nossa vida. Transformados por este amor, recebemos uns novos olhos, experimentamos que nele se encontra uma grande promessa de plenitude e que a visão do futuro se abre sobre nós. A fé, que recebemos de Deus como um dom sobrenatural, apresenta-se como luz no nosso caminhar, luz que orienta os nossos passos no tempo » (ibid. 4).
Uma nova prova
Como confirmação da fé da Igreja, o Senhor quis oferecer ao mundo, em 2008, uma nova prova do seu amor mediante outro milagre eucarístico que apresenta características muito parecidas com as do milagre de Buenos Aires. Em 12 de Outubro desse ano, o padre Jacek Ingielewicz estava a celebrar a Missa na igreja de Santo António de Lisboa, em Sokó?ka (Polónia), na presença de duzentas pessoas. Durante a distribuição da Comunhão, uma hóstia cai ao chão. O padre Jacek recolhe-a e põe-na num pequeno vaso litúrgico de prata cheio de água para que a hóstia se dissolva ; de seguida, coloca-o num cofre-forte na sacristia. Efectivamente, depois que uma hóstia se tenha dissolvido por completo, o corpo de Cristo deixa de estar presente.
Informado pelo padre Jacek, o padre Stanislaw Gniedziejko, que é o pároco, deixa o recipiente na caixa-forte durante duas semanas, constatando então que, não somente a hóstia não se tinha dissolvido na água, mas que apareceu uma forma que faz lembrar uma mancha de sangue. « Estava emocionado e não sabia o que pensar do sucedido afirmará o padre Stanislaw ; tremiam-me as mãos quando fechei a caixa-forte: mal conseguia falar ». Decide então referir o caso ao metropolita de Bialystok, a cidade vizinha, Monsenhor Edward Ozorowski. Quando este vem a Sokó?ka, mostram-lhe a hóstia que tinham depositado num corporal. Vê ali, além de uma mancha de sangue, uma coisa que se assemelha a uma substância orgânica. Isto parece-se comenta o padre Jacek com a natureza dos tecidos que « muitos de nós analisámos nas aulas de biologia ».
Em 5 de Janeiro de 2009, o bispo pediu a dois professores de medicina da Universidade de Bialystok, Maria Elizabeth Sobaniec-?otowska e Stanislaw Sulkowski, que analisassem um fragmento da hóstia. Os dois tinham trabalhado no domínio da histopatologia durante mais de trinta anos. O padre Andrzej Kakareko, chanceler da cúria metropolitana de Bialystok, entrega a cada um dos especialistas uma amostra da hóstia. O estudo é levado a cabo no Instituto de Patología da Universidade. Quando as amostras foram separadas, a parte que permanecia intacta da hóstia continuava intimamente ligada ao tecido para analisar, sem nada ter perdido da brancura. Os dois especialistas, após terem trabalhado separadamente, chegaram à mesma conclusão : o que lhes tinham entregue procedia do tecido de um músculo cardíaco humano ainda com vida, mas em agonia. O professor Sulkowski declarou ter observado a presença « de numerosos indicadores típicos biomorfológicos dos tecidos do músculo cardíaco », assim como danos visíveis em forma de pequenas rupturas das fibras do tecido. E acrescentou : « Esses danos somente podem ser observados em fibras vivas e são sinais de espasmos rápidos do músculo cardíaco no período que precede a morte ».
A professora Sobaniec-Lotowska confirmou o seguinte : « Trata-se do tecido do músculo cardíaco com vida ». Depois de reflectir, manifestou a sua estupefacção perante o facto de encontrar um tecido com vida após ter sido separado do organismo de que formava parte, manifestando que se tratava de «u m fenómeno incrível ! ». E deu uma explicação : « Durante muito tempo, a hóstia esteve imersa na água, depois foi colocada sobre o corporal ; em consequência disso, o tecido devería ter sofrido o processo de asfixia, mas isso não se observou nas nossas análises
O estado actual dos conhecimentos em biología não nos permite explicar cientificamente esse fenómeno ». A professora, muito intrigada igualmente pela relação do tecido cardíaco com a hóstia consagrada, declarou que « esse fenómeno extraordinário da inter-absorção do tecido do músculo cardíaco e da hóstia, observado tanto ao microscópio como por transmissão electrónica, prova que não pôde ter lugar nenhuma intervenção humana sobre a amostra ». De facto, a estrutura das fibras do miocárdio e a estrutura do pão estão neste caso tão estreitamente ligadas que não pode admitir-se que nenhuma intervenção humana o tenha realizado (cf. declaração da professora M. E. Sobaniec-?otowska no relatório « O milagre da Eucaristia de Sokó?ka », Lux Veritatis, 2010). Por outro lado, o sangue da hóstia possui as mesmas características que o do Sudário de Turin e o do milagre de Lanciano (grupo AB).
A devoção aumenta
Depois de ter os resultados das análises em sua posse, o arcebispo informa o núncio apostólico em Varsóvia, que transmite o dossiê a Roma para exame. Em Setembro de 2009, o público, que teve conhecimento do relatório dos dois especialistas, começa a acudir a Sokó?ka de todas as partes da Polónia, mas também da Bielorrússia e da Lituânia. Na própria Sokó?ka, constata-se um aumento imediato da devoção à Sagrada Eucaristia. As pessoas acodem para rezar na igreja pelas famílias desfeitas, pelos filhos que abandonam a fé, pela obtenção de curas
Depois de ter declarado oficialmente que o tecido visível na hóstia é realmente milagroso, Monsenhor Ozorowski coloca-a num ostensório exposto à devoção dos fiéis numa capela da igreja de Santo António.
A respeito da Eucaristía, a Igreja determina o culto de latria, «quer dizer a adoração reservada a Deus, quer durante a celebração eucarística, quer fora dela » (Catecismo da Igreja Católica, 286). São João Paulo II escrevia : « Faz falta, em concreto, fomentar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora da Missa, a consciência viva da presença real de Cristo » (Carta apostólica Mane nobiscum Domine, 7 de Outubro de 2014, 18). Com este propósito, « como a mulher da unção em Betânia, a Igreja não teve medo de desperdiçar, dedicando o melhor dos seus recursos para exprimir a admiração e a adoração perante o dom incomensurável da Eucaristia. Da mesma forma que os primeiros discípulos incumbidos de preparar a sala grande, a Igreja sentiu-se impulsionada, ao longo dos séculos e nas diversas culturas, a celebrar a Eucaristia num contexto digno dum tão grande Mistério
Embora a lógica do banquete inspire familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de banalizar esta cordialidade com o seu Esposo, esquecendo que Ele é também o seu Deus e que o banquete permanece para sempre um banquete sacrificial, marcado pelo sangue derramado no Gólgota » (Encíclica Ecclesia de Eucharistia, Quinta-Feira Santa de 2003, 48).
« Com efeito, a Eucaristia torna presente e actual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez por todas, sobre a Cruz, em favor da humanidade
O sacrifício da Cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. São idênticos a vítima e o oferente, e só é distinto o modo de oferecer-se : de maneira cruenta na cruz, incruenta na Eucaristia » (CIC, 280). Já que do Sacrifício da Missa derivam todas as graças necessárias para a nossa salvação, «A Igreja estabelece que os fiéis têm obrigação de participar na Santa Missa todos os domingos e festas de preceito, e recomenda que se participe também nos demais dias » (ibid. 289).
« É necessário aprender a viver a Missa » disse um dia São João Paulo II a uns jovens que o interrogavam acerca do profundo recolhimento com que celebrava (18 de Outubro de 1981). São Padre Pio oferece-nos um belo exemplo : « Quando o Padre Pio celebrava a Missa, dava a impressão de estar numa íntima, intensa e completa união com quem se oferecia ao Eterno Pai como vítima de expiação pelos pecados dos homens. Logo que chegava junto do altar, o rosto do celebrante transfigurava-se
O Padre Pio possuía o dom de pôr os outros a rezar. Vivia-se a Missa » (Fr. Narsi Decoste, O Padre Pio).
O fruto do Sacrifício actualizado no altar é a comunhão no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, antecipação da comunhão eterna do Céu. Um tão grande dom somente pode recebê-lo quem está « plenamente incorporado na Igreja Católica e na graça de Deus, quer dizer sem consciência de pecado mortal. Quem está consciente de ter cometido um pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes de se abeirar da sagrada Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e a atitude corporal (gestos, vestimenta), em sinal de respeito a Cristo » (CIC, 291). « A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e com a Igreja
fortalece-nos na peregrinação da vida terrena e faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos a Cristo, sentado à direita do Pai, à Igreja do céu, à Santísima Virgem Maria e a todos os santos » (ibid. 292 e 294).
O supremo cumprimento
Os milagres eucarísticos são factos inquestionáveis e situam-nos perante a grande Realidade : Deus existe, fez-se carne, está presente e actua na nossa história, expôs-se ao sofrimento e à morte para destruir a morte e dar-nos a Vida. A felicidade que todos buscamos depende da nossa relação de amor com Ele. Na encíclica Fides et ratio, São João Paulo II escrevia : « Diversos sistemas filosóficos, enganando-o, convenceram-no [o homem] de que é dono absoluto de si mesmo, que pode decidir autonomamente sobre o seu próprio destino e o seu futuro confiando apenas em si e nas próprias forças. A grandeza do homem jamais poderá consistir nisto. Para a sua realização pessoal, será determinante a decisão de aderir à verdade, construindo a sua morada na sombra da Sabedoria feita carne e nela permanecendo. É somente neste horizonte de verdade que alcançará, no pleno exercício de liberdade e de vocação ao amor e ao conhecimento de Deus, a suprema realização de si mesmo. » (107)
Tomemos na Eucaristia a força de que necessitamos para seguir a Jesus no caminho da vida eterna !